João Batista, um dos destaques do forte equipe amapaense (Wander Roberto/COB)

Sensação dos Jogos Escolares, Amapá revela segredo por trás das medalhas

O wrestling nacional encerrou a participação nos Jogos Escolares 2019, em Blumenau, Santa Catarina, nesta quarta-feira (20/11) e mais uma vez mostrou a importância do torneio para federações locais demonstrarem o trabalho realizado. Estados como São Paulo (tricampeão por equipes) e Amazonas não decepcionaram e confirmaram favoritismo em muitas categorias. Outros como Maranhão e Piauí conseguiram subir ao pódio da principal competição escolar do país, um feito para trabalhos ainda embrionários. Mas uma equipe em especial chamou atenção dos técnicos e da comunidade do wrestling nacional: o time do Amapá. A equipe conquistou 3 medalhas de ouros , uma de prata e quatro bronzes nas competições individuais e mais um bronze por equipes.

O presidente da Federação local, Lielson Costa Jr. não escondeu a felicidade pelo desempenho dos atletas.

“O desempenho deles é fruto de muito treino e empenho deles e dos professores de cada projeto e equipe em que participam. O trabalho começou há quatro anos com a fundação da Federação Amapaense de Wrestling. Sou do Pará e por conta do trabalho moro no Amapá desde 2006. Depois fui transferido para o Oiapoque e há dois anos estou em Macapá. Sou ex-atleta e procurei disseminar o wrestling nas academias, entre lutadores de outras artes marciais e entre os professores de educação física. A ideia é atrelar o esporte, educação e oportunidade para jovens. Muitos deles são moradores de casas de palafitas e convivem diariamente com tráfico, pais desempregados e pouca perspectiva de vida. O wrestling pode mudar isso”, explicou Costa Jr., que iniciou no wrestling em 1996 no Pará e criou a Federação Amapaense em 2014.

Para conseguir atingir um número maior de crianças, Costa Jr. buscou auxílio na Escola Militar Antônio Messias, em Macapá. Com um projeto em mãos ele foi bem recebido na escola e dois anos depois dos  aproximadamente 1.000 alunos do colégio cerca de 200 praticam apenas wrestling nas aulas de Educação Física, ou seja, além de treinarem a modalidade, ainda estudam sobre o esporte milenar, como uma disciplina curricular.

“Além de praticar o wrestling nas aulas de Educação Física, as crianças ainda fazem prova escrita sobre o esporte. O Comandante Geral da Polícia Militar do Amapá, Coronel Matias, juntamente com a diretora da escola e Capitã da Polícia,Sara Farias, têm apoiado bastante o Projeto Luta do Amapá e planejamos levar essa experiência para outras escolas do estado. Embora não esteja no Oiapoque diariamente, procuro manter contato constante com os professores e todos os anos vou a fronteira fazer seminários. Os alunos e professores de lá também viajam para Macapá para participar de treinamento e capacitação.Tanto que na equipe dos Jogos Escolares tivemos medalhistas do Oiapoque e de Macapá”, afirmou Costa Jr.

As conquistas da equipe do Amapá não são novidades, mas em virtudes das questões geográficas é complicado deixar o estado, o Oiapoque,por exemplo, é considerado o extremo norte do país. Voos e embarcações não ocorrem com tanta frequência para outros estados e a dificuldade financeira impede de participar das competições nacionais com equipe completa. O próprio Costa Jr. sofreu desta escolha de Sofia, quando era integrante da equipe paraense e a Federação tinha verba para mandar apenas um atleta. O  próximo desafio é garantir que as equipes viagem completas para o nacional e o presidente da Federação espera que as medalhas nos Jogos Escolares da Juventude impulsionem ainda mais o esporte no estado.

“Falei com Secretário de Desporto o Lazer do Governo do Estado do Amapá, José Rudney Cunha, se a equipe for completa vamos trazer várias medalhas e não deu outra.  No Brasileiro u-15 e Copa Natal, a Secretaria já tinha nos apoiado e também tivemos auxílio do Juiz Rogério Funfas, da Vara de Penas e Medidas Administrativas. Os atletas também corresponderam. Quando era atleta, também sofri com essa questão de poucas viagens e falta dinheiro. Do Amapá só se sai se for de avião ou de barco. Então não é fácil. Para os Jogos Escolares contamos com apoio integral da Secretaria do Desporto e Lazer  que custeou as passagens, então os atletas só precisaram se preocupar em treinar e dar o melhor. O objetivo é fazer com que os resultados motivem ainda mais as crianças daqui a seguir no esporte”, finalizou Costa Jr.