Beatriz Rodrigues auxílio e aprendizado. (Ruiva Fight/CBW)

Preparação olímpica e os sparrings: Beatriz Rodrigues

De 6 a 16 de abril, a CBW em parceria com o Time Brasil promoveu um Campo de Treinamento para preparação de Aline Silva, atleta olímpica dos Jogos Rio 2016 e já classificada para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Três atletas foram convocados para servir de sparring, atleta que auxilia um companheiro nos treinos, geralmente simulando atitudes que os prováveis adversários vão realizar em uma competição oficial. O benefício para o atleta alvo é inegável, mas e para os Sparrings? A CBW perguntou aos três sparrings, Beatriz Rodrigues, Ana Júlia dos Santos e Marcos Wesley Siqueira o que significou participar do Campo de Treinamento e traz uma entrevista com cada atleta que comprova uma máxima: o wrestling é o esporte individual mais coletivo que existe. A primeira é Beatriz Rodrigues.

Paulista, alta, da categoria mais pesada do estilo livre feminino, 76kg e que iniciou sua vida no wrestling no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP). O perfil bate com o de Aline Silva, mas se trata de Beatriz Rodrigues. A atleta de 22 anos não escondeu a surpresa ao ser convidada para participar do Campo de Treinamento pela própria Aline e ver se tornar realidade um desejo antigo.

“Estava com conversando com minha mãe e fui surpreendida com o convite. Foi uma mistura de sensações, alegria, surpresa e fiquei sem entender. É uma satisfação muito grande poder fazer parte da preparação olímpica da Aline e adquirir conhecimento. Quando comecei no Wrestling, imaginava treinar com Aline, mas acreditava que era uma realidade muito longe e ter acontecido agora, sinto que é resultado do trabalho que venho fazendo também”, revelou Beatriz, 22 anos, presente e futuro da categoria até 76kg.

Aline e Beatriz se enfrentaram na final do Campeonato Brasileiro Sênior de Wrestling realizado em 2021. Se na competição, a lutadora fez de tudo para ganhar de Aline, durante o período de treinamento, ela deixa claro que o papel que desempenhou nos treinamentos foi bem diferente de uma competição oficial.

“Não estávamos ali para competir e sim ser parceiro de treino. A função era auxiliar no jeito de lutar, ajudar o outro a melhorar suas estratégias e ajustar os detalhes que fazem toda diferença. Acredito que tenha conseguido treinar duro, ser um treino forte para Aline e ao mesmo tempo ter aprendido muito com ela. Uma atleta muito experiente que também procurou nos auxiliar muito. Também tivemos toda a estrutura que um atleta sonha no CT do Time Brasil e só tenho a agradecer poder ter participado a todos que proporcionaram este campo de treinamento”, frisou Beatriz, medalhista pan-americana júnior de 2018, em Fortaleza, no Ceará.

A própria Beatriz reconhece que três anos depois da medalha continental é uma atleta ainda melhor dentro e fora dos tapetes. Uma das principais integrantes da equipe do Centro Olímpico Ibirapuera, a lutadora afirma saber lidar melhor com as derrotas e as exigências da vida de atleta. Saber que a medalhista mundial e atleta olímpica, Aline Silva, iniciou no esporte no mesmo local e tapete é outro combustível para figurar entre as melhores do mundo.

“Hoje estou mais madura. Embora ainda sinta um friozinho na barriga, tenho entrado nas lutas mais confiante e sabendo lidar melhor com as vitórias e derrotas. A vontade de estar entre as melhores é cada vez maior. Às vezes vem o sentimento de frustração por achar que nossos objetivos estão longe, mas saber que um atleta de nível olímpico como Aline começou a lutar onde você começou, mostra que é possível chegar onde você quiser desde que você siga trabalhando”, explicou Beatriz.

Depois de duas semanas de treinos intensos e convívio, Beatriz fez questão de deixar uma mensagem de apoio para para Aline na caminhada Rumo a Tóquio:

“Aline é uma pessoa que admiro muito desde que iniciei no wrestling. Minha torcida para ela está muito grande e que ela vá confiante. Só ela sabe o tanto que trabalha para conseguir seus objetivos. Tenho certeza de que ela vai chegar aos Jogos Olímpicos, arrebentar e trazer a medalha dourada para o wrestling brasileiro”, concluiu Beatriz.