Pedro Garcia 10 anos de Brasil: como tudo começou
A série “Pedro Garcia 10 anos de Brasil” inicia em Vedado, Havana, capital de Cuba. O pequeno Pedro conheceu o wrestling nos anos 80 na escola. Um professor perguntou aos alunos quem estava interessado em começar a praticar um dos seguintes esportes: tênis de mesa, xadrez ou luta. Como as outras modalidades não interessavam, Pedro se inscreveu e recebeu uma convocação para fazer um teste. De todas as crianças, Pedro era o mais novo e com 1o anos e apenas 30kg ingressou em setembro de 1981 na escola de iniciação esportiva. Mas se talvez não fosse a avó Virgínia, o levado Pedro não chegaria a seleção nacional.
“Fui em um sábado com meu pai, fiz o teste e mesmo sendo o mais novo passei e fui convidado para começar a lutar na escola de iniciação esportiva e nunca pratiquei outro esporte. No segundo ano fui campeão e passei a representar o estado. Quando era pequeno era um pouco infernal (risos). Hoje agradeço muito minha avó Virginia, ela fazia questão de me levar todo dia de manhã e depois me buscar na escola para que não fugisse. Depois fui convidado para participar do alto rendimento e percebi que a luta era uma oportunidade e segui passando por todas as etapas das pirâmides até integrar a seleção nacional de Cuba”, explicou Pedro, medalha de prata no Pan-americano de 1993 no estilo livre até 68kg.
Pedro foi treinado dos 12 a 20 anos por Dagoberto Arbolaez, técnico que hoje trabalha no Amazonas e defendeu a equipe nacional cubana durante toda a década de 90 e encerrou a carreira no tradicional Torneio Cerro Pelado em 1999. Logo depois, Pedro começou a carreira de treinador e passou por todas as etapas. Primeiro treinou atletas para os jogos escolares, depois passou a prestar serviço e passar sua experiência como atleta para os novos lutadores e quando percebeu tinha virado treinador e em 2005 já estava fazendo parte da equipe de treinadores do estilo livre da seleção nacional cubana.
“Conversei com um dos meus treinadores e disse que queria parar de lutar e ele perguntou se queria ficar ajudando. Na sexta-feira era atleta e segunda-feira comecei como treinador e aos poucos os outros técnicos foram me dando tarefas, ajudei na preparação para os Jogos Olímpicos da equipe do estilo livre e em 2006 fui designado para participar do primeiro projeto para criar equipe de wrestling feminino em Cuba. Começamos com um grupinho de judocas que não eram as principais atletas e com apenas três meses de trabalho conseguimos dois ouro, uma prata e um bronze nos Jogos Centro-Americanos e do Caribe. Foi um bom resultado”contou Pedro.
Logo depois de criar a primeira equipe cubana de wrestling feminino, em 2007 Pedro foi enviado para uma missão na Argélia. O objetivo era formar uma equipe para participar do campeonato africano e dos Jogos Africanos que seriam disputados na capital argelina, Argel. Mais uma vez a empreitada teve êxito e um ano depois Pedro regressou a Cuba, onde começou a ouvir os rumores do interesse da então Confederação Brasileira de Lutas Associadas em contratar treinadores cubanos para o Brasil.
“Na Argélia, trabalhávamos com objetivo de classificar os atletas para os Jogos Africanos e tanto os atletas do estilo depois para o classificatório olímpico. Conseguimos medalhas e três atletas depois se classificaram para os Jogos Olímpicos de Pequim. Cheguei em Argel em fevereiro de 2007 e regressei a Cuba em 2008. E quando cheguei comecei a ouvir que o Brasil estava entrando em contato com Cuba Deportes para trazer treinadores para o Brasil” explicou Pedro.
A chegada e o primeiro ano de Pedro Garcia no Brasil você vai saber um pouco mais na próxima entrevista da série.