Mestre Leitão exibe livro Biomecânica da Luta (arquivo pessoal)

Mestre Leitão um homem destinado a lutar e ensinar

Não sabendo que era impossível, foi lá e fez. A frase se encaixa perfeitamente na relação entre  Roberto Cláudio das Neves Leitão,  Mestre Leitão, com o wrestling no Brasil. Na manhã deste sábado (28/11), o mundo das lutas enlutou-se ao saber da partida do Mestre Leitão, aos 83 anos, vítima da Covid-19, contra qual travava uma batalha desde outubro, no Rio de janeiro.

Natural de Laguna, Santa Catarina, graduado e professor universitário em Engenharia, Mestre Leitão, decidiu em 1979 criar a primeira Federação de Wrestling exclusiva do país. A decisão do Mestre foi crucial para modalidade, antes apenas um setor dentro da Confederação Brasileira de Pugilismo. A partir daí, Mestre buscou reconhecimento da Federação Internacional de Lutas Asssociadas (FILA) e conseguiu.

Ele passou a treinar ser filho Roberto Leitão, oriundo do judô, no wrestling e viajar pelo mundo em campos de trienamento e competições. Era uma luta de pai e filho contra nações que praticavam a modalidade há séculos. O esforço e dedicação deram certo. Coube ao próprio Mestre Leitão entregar a medalha de prata alcançada pelo filho nos Jogos Pan-americanos de Indianapólis em 1987, que o país não conquistava desde a primeira edição dos Jogos. No ano de 1988, em Seul, Coreia do Sul, pai e filho, representaram pela primeira vez o Brasil nos Jogos Olímpicos.

Nos tatames era venerado por lutadores dentro e fora do Brasil. Grão Mestre na Luta Livre Esportiva, Mestre Leitão, não negava a ensinar um “rolinha”, como chamava os treinos ou demonstrações de chaves que aplicava. Com o crescimento das Artes Marciais Mistas era sempre procurado por lutadores das mais variadas vertentes. Em 2012, José Aldo dedicou sua vitória no UFC 142 sobre Chad Mendes ao mestre que passava por recuperação de uma cirurgia no coração.

“Mestre Leitão foi um homem a frente do seu tempo, um visionário, um estudioso dos esportes de lutas e um grande Mestre. Sua maestria em diversas áreas o fez um professor diferenciado e um lutador temido e respeitado. O legado do Mestre vai além das palavras, ele estará dentro de cada lutador que representar o Brasil em qualquer modalidade de luta pelo mundo, Um pouco do meu coração se vai com o Mestre. Que Deus e seus amigos de luta o recebam de braços abertos, mas que “cortem antes” ou baterão após chave de braço justa e bem aplicada como o Mestre sempre aplicou.
Mestre Leitão, eterno em  nossos corações”, afirmou, o presidente  da Confederação Brasieira de Wrestling Pedro Gama Filho.

Em 2017,  Mestre Leitão lançou a obra “Biomêcanica da Luta” um compilado de anos de aprendizagem com diversas posições e explicações da luta, já que aos 80 anos, a vitalidade não era a mesma para demonstrar as técnicas e o ombro  insistia em incomodar. Este ano ainda esteve presente na inauguração da Calçada da Fama, na Cidade das Lutas, Rio de Janeiro, onde possui uma estrela, destinada aos grandes nomes das Lutas no Brasil.

É difícil mensurar com exatidão o legado do Mestre, que deixou uma imensidão de alunos influenciados por seus ensinamentos, seja em um fuga de chave ou em uma palestra. Se hoje, os lutadores brasileiros são presença constante em pódios internacionais e possuem chances reais de subir ao pódio em Tóquio-2020, é preciso sempre reverenciar o homem que pavimentou o caminho para que gerações futuras pudessem lutar, trabalhar e viver do wrestling.

A CBW agradece o Mestre Roberto Leitão por transformar o impossível  em possível e nos permitir sonhar.

Velório e cremação:

Roberto Claudio das Neves Leitão será velado neste domindo (19/11) na capela 7,  às 16h e cremado às 18h, no Crematório da Penitência, no Caju, Rio de Janeiro,