Heróis dos Jogos Pan: Felipe Macedo

Macedo

A série “Heróis dos Jogos Pan” relembra nesta sexta-feira a primeira medalha do estilo greco-romano em Jogos Pan-americanos conquistada por Felipe Macedo na categoria até 74kg na edição do Rio de Janeiro, em 2007. Depois de lutar judô quando criança, Felipe natural de Niterói, Rio de Janeiro, conheceu a Luta Olímpica na Niterói Wrestling, em 1998. O professor era o atual coordenador das divisões de base, Flávio Cabral. Em pouco tempo já ganhava campeonatos entre os juniores e figurava entre os melhores do país e não parou mais.

“No judô era um atleta de nível estadual, mas na Luta me encontrei. Antes dos Jogos Pan-americanos tivemos algumas seletivas internas. Quando via na televisão as chamadas dizendo que os Jogos Pan-americanos do Rio já sentia a adrenalina subir, ficava “adrenalizado” mesmo”, comenta Felipe.

Impulsionado pela chance de competir no Rio de Janeiro, Felipe garantiu a vaga e seguiu para fazer a reta final de preparação na Bulgária, em uma das primeiras experiências internacionais dele.Um diferencial na visão do próprio Felipe, que relembra as principais diferenças do estilo greco-romano para a regra atual.

“A regra do estilo greco-romano era diferente. Antigamente, eram três rounds divididos em dois minutos. Quando não aconteciam pontos, a luta ia para o chamado clinch de turca. No primeiro round, o atleta de vermelho ficava na posição de par terre (quatro apoios com as costas expostas). No segundo round, era o atleta de azul e no terceiro era um feito um sorteio. A regra não era fácil, por isso, uma das exigências do Comitê Olímpico para que o wrestling continuasse no esporte foi tornar a regra mais fácil de entender” explica Felipe.

O número de participantes era igual ao que será disputado em Toronto, oito atletas. Na primeira luta da competição Felipe lutou contra o Dominicano, Pablo Mercedes. Depois de um difícil combate decidido em favor de Felipe, apenas no terceiro round, era a hora de encarar o peruano, Sixto Ochoa Barrera, um dos principais atletas da categoria no mundo, que acabou vencendo o combate. Mas Felipe ainda lutaria pela medalha de bronze naquele mesmo dia só que no período da tarde. O intervalo entre as eliminatórias pela manhã e a disputa de medalhas parecia durar uma eternidade.

“Estava bastante nervoso nas lutas e antes da disputa por medalhas retornei para Vila Pan-americana, onde almocei  e tentei dormir. A adrenalina era muito grande e por mais que tentasse cochilar só descansei mesmo. Sabia que era difícil conquistar a medalha, mas não impossível” explicou Felipe.

Na luta contra o equatoriano Marcelo Mina, que rendeu a Felipe Macedo a inédita medalha do estilo greco-romano em Jogos Pan-americanos, o brasileiro foi empurrado pela família, amigos de infância e do esporte e os demais torcedores. Depois da vitória, um momento inesquecível que oito anos depois Felipe gostaria de ter aproveitado um pouco mais.

“O momento em que você recebe a medalha é inesquecível. Mas sinto que deveria ter comemorado um pouco mais. Sempre fui muito preocupado em seguir os protocolos e assim que acabou a luta deixei o tapete. Gostaria de ter vibrado mais e aproveitado mais  o momento com os torcedores”, lamentou Felipe.

Mesmo comemorando comedidamente o bronze, Felipe entrou para história da Luta Olímpica nacional e depois de se aposentar com  apenas 29 anos transmite ensinamentos como treinador da Confederação Brasileira de Lutas Associadas e da Marinha do Brasil, onde possui a patente de Tenente e é responsável pelo treinamento dos atletas da parceria entre CBLA e Marinha. Com o conhecimento e a certeza de quem superou obstáculos para chegar ao pódio de uma edição de Jogos Pan-americanos, Felipe Macedo manda um recado para os atletas que representarão o país em Toronto.

Recado do medalhista:

“Eles só precisam acreditar neles mesmo. A estrutura da Luta Olímpica no Brasil melhorou muito de 2007 para cá. Se a equipe em 2007 conseguiu trazer três medalhas, tenho certeza que esse grupo é capaz de dobrar esse número de medalhas e pela primeira vez medalharmos em todos os estilos em uma mesma edição” conclui Felipe.

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Felipe Macedo projeta o equatoriano Marcelo Mina no Pan do Rio 2007 (arquivo pessoal)