Ceará na rota da Luta Olímpica

A Luta Olímpica é um dos esportes mais antigos do mundo, mas ainda sem muito reconhecimento no Brasil. Porém, esta história começa a mudar, pelo menos aqui no Ceará. Pelas mãos do advogado e professor Hudson Marques Jatobá, 49 anos, o esporte transpõe obstáculos como a falta de incentivos públicos e chega, por meio de projetos sociais, dentro da universidade e em bairros como Serrinha e Aracapé.

Hudson conheceu a Luta Olímpica em 1985, mas, 10 anos depois , por conta de um acidente de trânsito teve que se afastar, pois durante um tempo ficou tetraplégico. Porém, com a reabilitação conseguiu recuperar os movimentos parciais dos membros superiores e inferiores. “Foi, então, que eu senti a necessidade de voltar a lutar, pois antes recusava até a ver vídeos de minhas lutas. Hoje, como não posso mais competir, decidi que iria repassar os meus conhecimentos e formar multiplicadores”.

Em 2006, ele fundou a Federação Cearense de Luta Greco-Romana & Wrestling (FCL). De lá para cá, o trabalho tem sido árduo, porém com retorno. Sobre duas rodas ou apoiado em suas moletas, Hudson já conseguiu formar vários atletas.“Hoje, temos aproximadamente 200 praticantes de Luta Olímpica e cinco atletas que figuram no ranking da Confederação Brasileira”, alegra-se Hudson.

 

Segundo ele, ainda falta muito a se conquistar para que o esporte tenha mais visibilidade e tradição. E aponta a falta de vontade política do poder público como um dos maiores entraves nesta batalha. “No meu entendimento, o esporte de massa não pode nascer sem ser dentro da escola pública. Em termos práticos não temos nada de ajuda, a não ser a emissão de passagens aéreas, e estas não são para todos”.

Porém, ele acredita na mudança deste cenário, e vê nos projetos sociais uma das saídas. “Hoje, tá mudando, vemos a Sarah Menezes, sem apoio e oriunda projetos sociais. Eu acredito no esporte e, antes de qualquer coisa , eu vejo na criança um cidadão, a luta ajuda na formação desse futuros agentes da sociedade. Eu recebi esporte de graça e com ele eu ganhei escola, mas eu tive alguém que apostou em mim como atleta”.

Hoje, no Ceará, a Luta Olímpica pode ser praticada somente em Fortaleza e em três lugares, e todos de graça. São eles na Universidade Estadual do Ceará (UECE), por meio de um projeto liderado por Hudson, no Instituto Irmã Giuliana Galli, no bairro Serrinha, e no Projeto social Aracapé.

Fonte: Diário do Nordeste