Angel 10 anos de Brasil: como tudo começou
A série “Angel 10 anos de Brasil” começa com uma volta no tempo para Havana, capital cubana e cidade natal do treinador Angel Torres Aldama. Tudo começou no Centro Esportivo Vicente Ponte Carrasco próximo ao lar da mãe do pequeno Angel. Em um primeiro momento o esporte era apenas entretenimento, o menino ia com a família ao ginásio para assistir os lutadores em campeonatos nacionais. Mas logo depois, o espectador saiu da arquibancada e foi para dentro dos tapetes. A evolução foi meteórica e não demorou para Angel ingressar primeiro na equipe estadual e depois na seleção nacional cubana.
“A casa da minha mãe ficava ao lado de um Centro Esportivo onde se realizavam as competições nacionais. No início assistia as lutas, mas não me chamava muito atenção, até que um dia um amigo convidou para praticar e com 10 anos comecei a lutar. Evoluí muito rápido no esporte e aos 14 anos já estava na seleção júnior e depois com 16 para 17 anos na seleção sênior”, relembra Angel, ex-lutador do estilo greco-romano até 57kg e medalhista de ouro em torneios internacionais como o da América Central em 1984 e dos Jogos Centro-Americanos e do Caribe em 1990.
Em meio a muitos talentos da luta no país caribenho, Angel se destacava nos anos 80. Porém, Cuba ficou de fora das edições dos Jogos Olímpicos de 1984 e 1988. Em Los Angeles 1984, os países ligados à antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas boicotaram o evento em retaliação aos Estados Unidos que haviam feito o mesmo nos Jogos de Moscou em 1980. Já em 1988, Cuba se solidarizou com a Coreia do Norte e resolveu também ficar de fora da edição disputada em Seul, na Coreia do Sul. O ex-atleta e hoje treinador obviamente gostaria de ao menos ter a chance de disputar uma vaga para os Jogos Olímpicos.
“Tive vários momentos bons na luta cubana, principalmente em 1984 e Cuba não participou dos Jogos Olímpicos. Depois segui, mas novamente em 1988, Cuba não participou. É bom lembrar que também existiam outros bons lutadores na mesma época. Não foi frustrante, mas infelizmente não tive a chance de participar de uma edição de Jogos Olímpicos também como atleta. Conforme os anos foram passando e as condições como atleta não era a mesma e como em Cuba, os atletas estudam aos mesmo tempo em que competem, pensei em virar treinador.” frisou Angel.
Ao mesmo tempo que ganhava medalhas iniciou os estudos na Universidade de Cultura Física e tão logo se formou começou a ensinar o esporte para crianças até passar a integrar a comissão de treinadores da equipe nacional cubana da categoria júnior (18 a 20 anos). Angel ajudou a formar uma geração de grequistas de destaque. Nomes como Pablo Shorey, três vezes campeão pan-americano e dos Jogos Pan-americanos de Guadalajara em 2011 até 85kg; além dos medalhistas olímpicos dos Jogos Rio 2016 Yasmani Lugo, prata até 98kg, Ismael Borrero, ouro até 59kg, entre outros atletas renomados.
“Depois que conclui a formação na universidade tive a sorte e a oportunidade de começar a trabalhar como técnico no mesmo lugar em que comecei a lutar. Primeiro comecei a trabalhar com crianças em iniciação esportiva e fui evoluindo e passando etapa por etapa até chegar na seleção júnior cubana. Uma das funções era detectar os lutadores que poderiam representar Cuba e vi de perto o surgimento de nomes que mais tarde seriam campeões e medalhistas olímpicos. Estava na equipe de técnicos da seleção júnior de Cuba, quando recebi o convite para trabalhar Brasil” contou Angel.
Na próxima entrevista, Angel explica como surgiu o convite que mudaria sua vida para sempre. Não perca!