CBW realiza curso para expandir número de treinadores de wrestling no Mato Grosso do Sul


Seguindo com o objetivo de difundir o wrestling em todo o território nacional, a Confederação Brasileira de Wrestling (CBW) continua promovendo ações para fomentar a modalidade. E uma das mais recentes ocorreu no mês de julho, no Mato Grosso do Sul. Em parceria com o treinador Agnaldo Santos e a Fundação do Esporte e Lazer do MS (Fundesporte), a entidade realizou um curso para capacitação de professores, que foi vista com grande sucesso e formou novos 19 treinadores de wrestling no estado.

O curso foi dividido em duas partes e durou um final de semana. O evento começou na sexta-feira, com uma parte teórica de duas horas, realizada de maneira remota. Essa etapa contou com a participação de Eduardo Paz, árbitro olímpico que deu uma palestra sobre as regras do wrestling e sobre a história da modalidade. Já no sábado e no domingo, que reuniu pouco menos do que 20 horas de aulas práticas, houve a participação do professor venezuelano Nestor Garcia e também do presidente da CBW, Flávio Cabral.

“Eu já havia tido esta ideia anteriormente, mas sempre bati de frente com a federação, que não se manifestava e não procurava ajudar. Com essa nova gestão da CBW, a federação ficou para trás, se isolaram até por conta das exigências feitas pela confederação para organização das federações. Então, eu procurei outros meios. Conversei com o Secretário de Esportes do Estado e ele me sugeriu fazer um curso de treinadores para formar novos professores. Conversei com o presidente Flávio (Cabral) e ele falou que a CBW poderia fazer em parceria com a Fundesporte”, disse Agnaldo Santos.

Trabalho árduo

Ex-atleta da seleção brasileira, Agnaldo Santos é o único professor de wrestling capacitado no Mato Grosso do Sul que mantém um projeto contínuo no estado. Após encerrar sua carreira como atleta, ele realizou cursos nacionais promovidos pela CBW e pelo COB e iniciou sua transição para a vida de treinador. Assim que ingressou na nova carreira, porém, ele encontrou muitas dificuldades para promover suas ideias, por conta de atritos com a federação local, que foi um empecilho em muitos momentos.

“Faz muito tempo que o wrestling aqui no estado vem engatinhando, ainda não conseguiu deslanchar. Muito por conta da gestão”, falou Agnaldo. “Hoje nós temos o wrestling aqui porque eu não desisti da luta e do trabalho. Já estou fazendo isto há tanto tempo e se eu parar agora, é como você tentar atravessar um rio e chegar na metade e tentar voltar, sem chegar na margem. Hoje o que falta para nós é o quantitativo, desde um número maior de atletas até de pessoas que possam formar esses atletas, que são os treinadores”. 

Atualmente, Agnaldo Santos trabalha com cerca de 20 atletas em um projeto próprio em sua academia na capital Campo Grande. Seu grande objetivo é inflar esse número e, para que isso aconteça, é necessário que haja também professores capacitados para atrair novos adeptos. O treinador sempre quis realizar um curso para capacitação, mas só conseguiu colocá-lo em prática com a nova gestão da CBW, que se uniu à Fundesporte, para organizar.

Fundesporte

A Fundesporte é um órgão ligado à Secretaria de Esportes do Mato Grosso do Sul. Com a ausência da federação local, a fundação tornou-se uma das grandes parceiras do projeto de Agnaldo Santos e de seus atletas, disponibilizando viagens, bolsas e passagens. Quando surgiu a oportunidade do curso, a Fundesporte, através da Unidade Pedagógica de Formação (UPF), se disponibilizou para contribuir na capacitação de novos professores de wrestling.

Pela UPF, a Fundesporte já realiza cursos de capacitação em todo o estado para diversas modalidades e, portanto, a ação com o wrestling não foi inédita. Segundo Domingos Sávio, gerente da unidade, os resultados de atletas sul-mato-grossenses em competições nacionais tiveram uma melhora considerável nos últimos anos, desde que essa iniciativa foi implementada.

“Oferecemos esse curso para os profissionais de educação física e para os acadêmicos do município. Também temos parceria com as federações para atender tanto com relação à arbitragem quanto à parte técnica. Uma dessas parcerias foi com o wrestling, para que nós pudéssemos trazer essa capacitação”, relatou Domingos Sávio.

Feedback positivo

No geral, a avaliação do curso foi “muito positiva”, segundo Agnaldo Santos. O evento contou com a participação de pessoas já ligadas às áreas da luta, semelhante ao que aconteceu em Ribeirão Preto, também no último mês – quando houve um curso de capacitação para professores de judô. Por serem modalidades com alguns fundamentos iniciais semelhantes, a estratégia de trazê-los para o wrestling visa o curto prazo.

“A ideia é manter esse grupo ativo na modalidade, fazer com que eles continuem a desenvolver um trabalho, porque a maioria já é professor, seja de judô, jiu-jitsu ou educação física. O nosso intuito é fazer com que eles caminhem para que nós possamos crescer ainda mais. Temos até a ideia de organizar um próximo curso, já com um nível mais avançado”, revelou Agnaldo.

No entanto, ele pondera e crê que o ideal para o futuro do wrestling brasileiro é que os próprios alunos que hoje iniciam suas carreiras como atletas tornem-se professores. “A minha ideia inicial é que eu comece a trabalhar com a criança sem ela vir de outra modalidade. Porque assim não haverá vícios ou defeitos, vai pensar apenas no wrestling. Mas hoje eu não consigo fazer isto. Meus atletas são jovens e competem, então eu não quero que deêm aula ainda, mas eles são os professores ideais, porque treinam o wrestling desde criança”, completou.